sexta-feira, janeiro 19, 2007

Bolas de Sabão


A saudade e a falta vivem na mesma morada e são feitas de pequenas bolas de sabão esvoaçantes que encerram em si o arco-íris. Escrevem-se enquanto se vêm subir por detrás da janela com vista para o mundo que não conheço, o qual observo, mas pelo qual não anseio. Eu própria me visto de bola de sabão, trémula, debaixo da luz. Procurando um recanto de sombra que me aconchegue e me adormeça. As bolas de sabão sobem e acumulam-se no tecto da memória, onde se condensam e choram pelas paredes em salpicos tremeluzentes. É o meu paraíso húmido e quente, como o ventre que um dia me transportou e que, por um dia dele ter querido sair, me encontrei com a ausência e a lacuna. Agora feitas bolas de sabão. Ainda que com o arco-íris lá dentro.