de: http://photoblog.dralzheimer.stylesyndication.de/
Recordo a caneta, a tinta e o papel... a nuvem desfeita e semi-palpável o algodão e a sensação
Em breves instantes, em breves escassos segundos irrecordável no passo seguinte.
As palavras ficaram noutro caderno. Procuro-lhe incessantemente as páginas.
terça-feira, maio 01, 2007
ReenCARNação
Deixam-se as fitas de luz incendiar as entranhas Como se fossem partículas e não mecanismos de carne Como se as palavras se percebessem meramente por serem palavras E não resultado de realidade dividida e partilhada
A renovação surge como nova ( a palavra indica ) Contudo, apenas podridão... renascimento ou reencarnação.
A carne já é carne há muito tempo.
Imagem: "Visceral Landscapes", J.M. Culver
sexta-feira, janeiro 19, 2007
Bolas de Sabão
A saudade e a falta vivem na mesma morada e são feitas de pequenas bolas de sabão esvoaçantes que encerram em si o arco-íris. Escrevem-se enquanto se vêm subir por detrás da janela com vista para o mundo que não conheço, o qual observo, mas pelo qual não anseio. Eu própria me visto de bola de sabão, trémula, debaixo da luz. Procurando um recanto de sombra que me aconchegue e me adormeça. As bolas de sabão sobem e acumulam-se no tecto da memória, onde se condensam e choram pelas paredes em salpicos tremeluzentes. É o meu paraíso húmido e quente, como o ventre que um dia me transportou e que, por um dia dele ter querido sair, me encontrei com a ausência e a lacuna. Agora feitas bolas de sabão. Ainda que com o arco-íris lá dentro.